15 novembro, 2008

Lícia! Muito prazer!

Patrícia, Elisângela, Sara e Euzinha

Estávamos ensaiando a peça A Iara e a poluição das águas dos rios.
em 14/11/08


11 novembro, 2008


HISTÓRIA EM QUADRINHOS: uma brincadeira educativa!
Engraçado, mas é realmente a minha primeira produção em quadrinhos!
Você pode não está achando lá essas coisas, principalmente se desenhar melhor, se for mais criativo ... ou sei lá o quê. Mas saiba, meu filho Mateus (11 anos - 6º ano, aprovou, e Elias, personagem principal, simplesmente adorou!
Estou aguardando as produções de Elias, pois fará dois desenhos: um do rio triste, e outro do rio alegre.
Nestes meus 42 anos de vida, às vezes me pego assim, meio abobalhada com as produções das crianças e com as minhas também, por que será? E quando isso acontece, não me perdoo (agora sem acento) por ter feito meu primeiro vestibular para Economia ... contudo, hoje me sinto salva da "mais valia", e atraída cada vez mais pela alfabetização.

10 novembro, 2008

POR QUE (NÃO) ENSINAR GRAMÁTICA NA ESCOLA

Acabei de ler este livro e devo fazer hoje uma prova sobre o assunto abordado. Fico pensando ... como seria extraordinário que escolas e professores colocassem esta proposta em prática!
Depois comentarei como foi a avaliação ... e a reflexão dos colegas e professora.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP: ALB: Mercado das Letras, 1996.

Na primeira parte deste livro o autor traz uma série de teses em lingüística, sólidas, porém pouco divulgadas, com o objetivo de provocar uma reflexão sobre a problemática de como aprender a língua portuguesa. E chama atenção para o fato de que, muitas vezes, a escola e os professores supõem, que por si só, as teses dêem conta do recado. Afirma que a escola tem como objetivo ensinar a língua portuguesa padrão, e desmistifica o preconceito de que seja difícil aprender o padrão.
Para Possenti “as razões pelas quais não se aprende, ou se aprende mas não se usa um dialeto padrão, são de outra ordem, e têm a ver em grande parte com os valores sociais dominantes e um pouco com estratégias escolares discutíveis” (p. 17), de modo que o problema se mostra mais agravante para alunos de classes populares.
Acreditando na afirmação de que a escola deve ensinar o português padrão, traz como questionamentos duas teses: a primeira, de natureza político-cultural, explica ser um ato de violência impor a determinada classe os valores de outro grupo – segundo Possenti “o equívoco aqui, (...) é o de não perceber que os menos favorecidos socialmente só têm a ganhar com o domínio de outra forma de falar e de escrever” (p. 18); a segunda, de natureza cognitiva, traz como engano, a suposição de que, aprender uma língua ou dialeto seja uma tarefa difícil para certas classes ou indivíduos. Tal hipótese é descartada pelo autor, quando afirma que, “Qualquer pessoa, principalmente se for criança, aprende com velocidade muito grande outras formas de falar, sejam elas outros dialetos ou outras línguas, desde que expostas consistentemente a elas”. (p. 19).
Há de se questionar o porquê do fracasso escolar, e em que consiste para a escola o português padrão. Neste livro o autor traz como proposta que o óbvio seja colocado em prática, ou seja – escrever e ler sempre. Também que haja uma idéia clara sobre língua; sobre o ser humano de maneira geral; bem como entender que as crianças, mesmo as mais carentes do ponto de vista material, todas elas são capazes de aprender línguas – a criança é criativa.
Sobre a hipótese de haver línguas fáceis ou difíceis, afirma existir uma estrutura de igual complexidade, ou seja, não existe língua fácil ou difícil, apenas línguas com diferentes representações. Menciona que, “quanto menos valor (isto é, prestígio) têm os falantes na escala social, menos valor tem o dialeto que falam.” (p. 28). Por outro lado, segue afirmando que um dialeto não é mais fácil ou difícil que outro; também que, quem aprende um dialeto não é mais ou menos capaz do que aquele que conhece outro. Observa o preconceito que aflora com as diferenças, quando, por exemplo, se julga a fala do outro por ser diferente – neste sentido o diferente é o defeito. E mais forte ainda é o preconceito sobre a mesma língua, visto que aceitamos que os estrangeiros falem diferente a nossa língua, contudo, não aceitamos que os que falam a mesma língua, falem com um dialeto diferente. Logo, “os alunos que falam dialetos desvalorizados são tão capazes quanto os que falam dialetos valorizados, embora as instituições não pensem assim.” (p. 32).
Numa análise mais zelosa, afirma que não existem línguas uniformes, graças a fatores geográficos, de classe, idade, sexo, etnia, de profissão, entre outros, que formam uma série de variações lingüísticas. Também não existem línguas imutáveis, pois, assim como o português, também o francês, o italiano, e o espanhol, entre outras línguas, são provenientes do latim. Fala que algumas formas de língua não são mais usadas, apesar de permanecerem registradas no dicionário – os arcaísmos. Assim, diante das possibilidades de mudanças, o autor questiona o porquê de não se utilizar formas lingüísticas mais informais (não todas).
Na afirmação de que falamos mais corretamente do que pensamos, Possenti cita que “é relativamente pequena a diferença entre o que um aluno ou outro cidadão qualquer) já sabe de sua língua e o que lhe falta saber para dominar a língua padrão. (...) as semelhanças são muito maiores que as diferenças”. (p. 43). Porquanto, há de se concluir que a língua não se ensina, aprende-se, independente dos exercícios de linguagem – o importante é contextualizar, é dar sentido ao que o outro diz – estas são as práticas significativas, através das quais uma criança de mais ou menos três anos aprende a falar. Assim, reflete o autor, se aprendemos a falar falando e ouvindo, podemos aprender a escrever escrevendo e lendo, também sendo corrigidos, e reescrevendo nossos textos, socializando as produções. A constância dessas práticas certamente transformará o aluno em leitores e, segundo o autor, “ ‘escrevinhadores’ sem traumas e mesmo com prazer, em pouco tempo. Só não conseguiremos se nos atrapalharem, se nos entupirem de exercícios sem sentido”. (p. 49).
Por certo que falar, ler e escrever são trabalhos, e que a escola é um local de trabalho – assim mostra Possenti que, no processo de aprendizagem é preciso trabalhar, ou seja, pesquisar, ler, escrever, ouvir os outros, ler e reler, reescrever, socializar, ouvir opiniões, escrever de novo; e que a escola deveria agir desta maneira. Neste contexto lança a pergunta: “Sabemos o que os alunos ainda não sabem?” (p. 49) – como o próprio autor diz, este livro é para refletir o óbvio, as teses já consolidadas, os mesmos problemas, então, é preciso dizer que o aprendido pelo aluno não precisa ser ensinado outra vez, e que é preciso seguir em frente e ensinar o que ainda lhes falta.
Na segunda parte do livro o autor traz à baila vários conceitos de gramática – direcionados a “quem tem como utopia alunos que escrevam e leiam, mesmo em situações relativamente precárias”. (p. 60). Também revela diferentes orientações didáticas, refletindo sobre, ensinar a partir do que é observado ou a partir de regras; ou seja, preparar os alunos para a vida ou para passar na prova do vestibular.
Assim, traz como conceitos de gramática: primeiro, conjunto de regras que devem ser seguidas – as gramáticas normativas (as pedagógicas e os livros didáticos), que produzem com efeito a aplicação da variedade padrão; segundo, o conjunto de regras que são seguidas – as gramáticas descritivas – cujo trabalho dos lingüístas tem como preocupação explicar a língua como é falada, mostrar as regras realmente utilizadas pelos falantes; terceiro, o conjunto de regras que o falante da língua domina – as gramáticas internalizadas – as regras que o habilita como falante, pois se faz compreender diante do outro. Possenti deixa claro que seguir uma ou outra regra poderá resultar em avaliações sociais (ser ou não ser culto), o que não quer dizer que seguir tal regra indique maior ou menor capacidade mental, ou comunicativa.
Chama atenção para a gramática normativa, considerada como de prestígio, que traz preocupações como: “correção; estrangeirismos; cacófatos, ou seja, sons desagradáveis; ambigüidades, etc; e da gramática descritiva, na qual nenhum dado é considerado como erro, ou desqualificado, pois não existem línguas uniformes.
Portanto, as reflexões sobre tipos de gramática, identidade lingüística, regras, e “erros escolares”, fazem deste livro uma leitura que nos convida a compreender melhor a proposta do autor de trabalhar na escola as três gramáticas, sendo a primeira a internalizada, ou seja, ler muito, ampliar o vocabulário e possibilidades através dos livros; segundo, a descritiva, aprendendo a comparar, propor possibilidades, trabalhar a produção do aluno; e por fim a normativa, pois se ordenamos as descritivas, este já é o passo para a língua padrão – cujo objetivo e dever da escola é ensinar, tendo como materiais indispensáveis os livros e a própria produção do aluno.