15 maio, 2009

APRENDENDO COM O HIP HOP

http://aprendendocomohiphop.blogspot.com
(Este é o Blog do Projeto Aprendendo com o Hip Hop - acesse para acompanhar os acontecimentos, de 18/05/09 a 05/06/09).

Elisangela Alves dos Santos
Lícia Dantas Hora
Sara Alves Santos


1. JUSTIFICATIVA

A escolha da temática Aprendendo com o Hip Hop surgiu após entrevista realizada com alunos matriculados na 3ª Série do Ensino Fundamental de uma Escola Pública Estadual. O objetivo foi realizar um diagnóstico que levasse em consideração a vivência e interesse de cada um, e o resultado revelou ser a música, em especial o Hip Hop, o grande interesse da maioria.
O ritmo impressiona por ser forte e ativo, e faz com que jovens mexam o corpo, rodopiando e saltando. Registra-se que no início do século XX, a dança (street dance) foi a primeira expressão do Hip Hop que surgiu nos Estados Unidos devido à grande depressão causada pela quebra da Bolsa de Valores, quando músicos e dançarinos, desempregados, passaram a fazer shows nas ruas. Era uma maneira de declarar publicamente a miséria a que foram submetidos e bradar contra o privilégio de pequenos grupos. Outros clamores contra a diferença social, racismo, drogas e violência, também foram realizados em público na Jamaica. Assim surgiu o rap, uma mistura de ritmo e poesia, o ato de exprimir uma miscelânea de sentimentos e angústias, por qual passava a população dos guetos, carente de infraestrutura e de políticas públicas.
A saber, o Hip Hop envolve fundamentalmente quatro elementos que o projeto abordará: primeiro, o grafite, que leva à cena a arte plástica deste movimento cultural através do desenho colorido e marcante; segundo, o rap, que é a poesia escrita e cantada pelo MC – Mestre de Cerimônia; terceiro, o DJ (disc-jóquei), responsável pela parte musical, pelo ritmo que alegra o movimento; e o quarto, a dança de rua (street dance). E é dentro deste ritmo que surgem várias maneiras de revelar os sentimentos, a exemplo do trabalho com os pés (foot work), postura estática (freeze), a parada (break), e a imitação de ondas com os braços (waves).
Fazendo uso da concepção de corporeidade, onde “[...] o homem é visto como ser no mundo e só pode ser compreendido a partir da sua facticidade” (MARQUES, 1997, p. 92), o projeto envolverá o conteúdo programático aos hábitos de vida dos alunos, ao prazer e à inclinação pela música. Porquanto, segundo Freire,

Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição – um conjunto de informes a ser depositado nos educandos –, mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. (FREIRE, 2005, P. 96).

Por certo que a temática impulsionará o desenvolvimento da subjetividade do aluno, favorecendo a sua formação como indivíduo da comunidade e do mundo; abrirá espaço para que ele reflita sobre a diversidade cultural e corporalidade; além de dar liberdade para a construção de hipóteses sobre o lugar onde vive, comparando-as com as formas de protesto do Hip Hop. Também tomará como base os objetivos presentes nos PCNs, como “[...] utilizar as diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal – como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais [...]” (Brasil, 1997).
É importante ressaltar que a criança é vista como um ser que tem estrutura e mentalidade distintas da do adulto, porém capaz de tornar favorável e viver sua própria realidade. Então, torna-se necessário que a sua produção seja compreendida como algo inerente à sua natureza, de maneira que não seja sufocada pelos anseios do adulto. Conforme Darido & Rangel, “[...] é importante dar espaço para a própria liberdade de criação e improvisação do aluno, pois isso lhe possibilitará maior autoconfiança, auto-estima, autonomia e criticidade” (2005, p.217).
Inclusive, a preocupação com a construção da personalidade da criança negra levou o Bloco Afro Ilê Aiyê, em Salvador, a criar o Programa Tambores da Liberdade, que tem como objetivo difundir a cultura Afro no Estado da Bahia. A comunidade que compõe o bloco afirma que:

Os conteúdos da história na participação do afro-descendente na construção da cultura brasileira, não podem mais continuar transversal-superficial. Pelo nosso estudo e resgate, já constatamos que eles são vitais (básicos) para a construção da personalidade e identidade estético-cultural dos nossos filhos que não são a imagem do belo e do inteligente para os padrões oficiais racistas.[1]


Diante desta proposta de valorização cultural e formação do cidadão, percebe-se, mais uma vez, que o conteúdo programático como interesse do professor e do aluno, deve ser um elemento da realidade, um objeto mediador. Portanto, reafirma-se aqui a importância de trabalhar uma temática que valoriza o interesse do aluno, e que precisa ser acolhida pelo professor e pela escola. Para tanto, foram elaborados objetivos que nortearão o trabalho do professor e do aluno, a fim de alcançar o sucesso deste projeto.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral
Possibilitar a construção do conhecimento e favorecer habilidades físicas através do contato com o movimento cultural do Hip Hop.

2.2. Objetivos Específicos

· Português
· Ler, ouvir e cantar rap;
· Produzir rap usando corretamente os sinais de pontuação;
· Criar sinônimos, antônimos e homônimos para palavras encontradas nos raps;
· Identificar substantivos nos textos;
· Localizar nos textos palavras com “g” ou “j”; “s” com som de “z”.
· Arte
· Produzir desenhos com base nos raps trabalhados, já prontos;
· Produzir desenhos a partir dos raps criados em sala de aula.
· Matemática
· Identificar linhas abertas e linhas fechadas em figuras/desenhos do street dance;
· Estabelecer relação entre figuras geométricas;
· Solucionar situações envolvendo problemas com as quatro operações.
· História
· Relatar a aparência das ruas da comunidade;
· Narrar fatores que provocam a violência nas ruas;
· Elaborar rap e grafite para o “Dia das Mães”.
· Geografia
· Localizar no mapa os pontos da origem do Hip Hop;
· Identificar no mapa a cidade, estado, região e país em que mora;
· Enumerar tipos de danças da região nordeste.
· Ciências
· Enumerar os benefícios dos movimentos corporais;
· Listar frutas e vegetais que são importantes para a alimentação;
· Descobrir como bactérias e fungos podem fazer bem ou mal à saúde;
· Listar hábitos de boa higiene corporal.

3. PROCEDIMENTOS DE ENSINO

· Utilização da música – rap;
· Exibição de vídeos sobre o Hip Hop;
· Canto e dança;
· Participação de um dançarino para aulas de street dance;
· Utilização de letras de rap;
· Construção de mural para grafite;
· Exposição didática sobre sinônimos, antônimos e homônimos;
· Exposição didática sobre substantivos;
· Exposição didática de palavras com “g”, “j”, e “s” com som de “z”;
· Exposição de desenhos/figuras com grafite e movimentos do street dance;
· Utilização de mapas;
· Debate e Experiência.

4. RECURSOS

· Aparelho de som e DVD;
· Papel A4 e papel 40kg;
· Mapa Mundi e Mapa do Brasil;
· 1 pacote de gelatina incolor;
· 1 xícara de caldo de carne;
· 1 copo de água;
· Cotonetes;
· Filme plástico;
· Etiquetas adesivas;
· Caneta, lápis, borracha, lápis de cor e giz de cera.

5. FORMAS DE AVALIAÇÃO

A avaliação não terá caráter mensurável. Será realizada gradativamente, em todo processo do projeto, como forma do acompanhamento da aprendizagem e desenvolvimento do aluno. Para tanto, serão realizadas diferentes atividades através das quais os alunos serão orientados e reorientados, quando necessário, valorizando a construção e (re)construção do conhecimento.

6. BIBLIOGRAFIA

BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. \Brasília: MEC/SEF, 1997.

COMPROMISSO HIP HOP: Hip Hop não é aquilo que fazes, é aquilo que vives. Disponível em: . Acesso em 09 mai. 2009.

CUNHA JR. Henrique. Ver vendo, versando sem verso, escrevendo e se inscrevendo no Hip Hop. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2009.

FERRÉZ. Rap para crianças e jovens. Disponível em: . Acesso em 22 abr. 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

GENTILE, Paola. Como ensinar microbiologia, com ou sem laboratório. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2009.

GIACOMOZZI, Gilio; VALÉRIO, Gildete; SBRUZZI, Geonice. Descobrindo a gramática. São Paulo: FTD, 2000.

ILÊ AIYÊ: Projeto Pedagógico do Ilê Aiyê. Disponível em: . Acesso em: 21 abr. 2009.

ILÊ AIYÊ: Programa Tambores da Liberdade. Disponível em: http://www.ileaiye.org.br/TAMBORES.htm>. Acesso em: 21 abr. 2009.

NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de Projetos: Uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. 6 ed. São Paulo: Érica, 2001.

VARGAS, Soyane. Diferentes linguagens na educação física: Projeto Hip Hop na Escola. Relato de experiência. Disponível em: . Acesso em 19 abr. 2009.

VITA, Marcos. Hip Hop no sertão? A produção de artistas regionais é um excelente caminho para apresentar a arte universal. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2009.
[1] Retirado do Site HTTP://www.ileaiye.org.br/TAMBORES.htm

13 abril, 2009

HIP HOP na Escola
Muito legal esse clip !!!
tenho planos ... precisamos conversar Ferréz!

10 abril, 2009

NOVA VERSÃO PARA CHAPEUZINHO VERMELHO

CHAPEUZINHO VERMELHO, de Jacob e Wilhelm Grimm.

"Charles Perrault publicou a primeira adaptação literária de Chapeuzinho Vermelho em 1697, mas poucos pais se dispunham a ler aquela versão do conto para os filhos, pois termina com o "lobo mau" jogando-se sobre Chapeuzinho Vermelho e devorando-a. Na versão dos Grimm, a menina e sua avó são salvas por um caçador, que manda o lobo desta para melhor após efetuar uma cesariana com uma tesoura." (TATAR, 2004)*
Considerando as muitas versões de Chapeuzinho Vermelho, e também observando a amplitude da sua capa, ainda sem muita função, revolvi criar esta versão, que tem a alegria das crianças, o doce gosto de um bolo, a tensão da presença do lobo mau, e a grande surpresa do final.Espero que gostem e criem outras versões!!!
~*lícia*~

CHAPEUZINHO VERMELHO - A MENINA CAPA MÁGICA
por, Lícia Dantas Hora (2008)
Pintura de Letícia Dantas Hora (2008)
Editado por, Mateus Dantas Hora (2009)

*Contos de fadas: edição comentada e ilustrada/edição, introdução e notas Maria Tatar; tradução Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2004.

29 janeiro, 2009

BREJO GRANDE - SERGIPE - BRASIL
Com a pesquisa sobre o município de Brejo Grande - Sergipe, surgiu a idéia de produzir uma história em quadrinhos que pudesse ser utilizada nas primeiras séries dos anos iniciais, com o propósito de despertar a curiosidade pelo local e abrir oportunidade para:
  • Estimular a criança a descobrir a importância das águas dos rios para a vida;
  • Aprender noções de orientação: norte, sul, leste e oeste;
  • Falar sobre costumes indígenas; folclore; tradição cultural;
  • Relacionar a este projeto as disciplinas da Língua Portuguesa, Ciências, Estudos Sociais e Arte;
  • Possibilitar a produção de história em quadrinhos sobre a terra natal do aluno;
  • ... e outras possibilidades ...

Assista aqui o vídeo com a histórinha e veja lindas fotos de Brejo Grande (as fotos foram retiradas de diversos sites e revistas). Logo abaixo do vídeo a poesia de Manoel Machado de Lemos, Enchente Grande, que traduz as grandes tragédias provocadas pelo rio São Francisco em Brejo Grande.

ENCHENTE GRANDE

De longe vem, de muito longe, o rio
O São Francisco para o mar distante
E rola e redemoinha
E cresce e cresce e alonga-se nas margens,
E tudo invade e envolve e tudo afoga e mata.
É o cemitério líquido de tudo.
Campos, habitações, ilhas viventes,
O rio doido;
Correndo arrasta e leva na corrida.
Árvores tremem desaparecendo,
No último gesto de quem diz adeus.
O manto, agora, de águas pardacentas,
Para esconder os crimes que pratica,
Estende sobre tudo.
E corre e foge assim como quem foge
Para escapar à punição dos crimes.
Investe, ainda, contra o mar incauto
Em cujo dorso, no último atentado,
Entra como punhal.
Depois ...
Andam fantasmas sobre as margens mortas.
E o grande rio, colossal, enorme,
Findo o trabalho de extermínio, volta
Retorna ao leito e impunemente dorme.


Retirado de: A POESIA DE MACHADO DE LEMOS - CADERNO XXIX - Divulgação do Departamento Estadual de Cultura, 1966.

27 janeiro, 2009

Assista a história Os Sonhos de Armando, de Mônica Guttmann, contada por Lícia e Sara

PARTE 1


PARTE 2

24 janeiro, 2009

No dia 12/01/09, Sara e eu apresentamos em uma biblioteca municipal na cidade de Aracaju-SE a história Os Sonhos de Armando, de Mônica Guttmann - psicóloga e especialista em arte-educação. Nesta história, o personagem Armando tem lindos sonhos e deseja encontrar um lugar fértil e cheio de energia para poder plantá-los e fazer com que cresçam e se realizem.
Além das crianças e colegas do curso de Pedagogia tivemos a presença de Marcos (contador de histórias, e da Profa. Verônica, que muito contribui para nossa formação.

15 novembro, 2008

Lícia! Muito prazer!

Patrícia, Elisângela, Sara e Euzinha

Estávamos ensaiando a peça A Iara e a poluição das águas dos rios.
em 14/11/08


11 novembro, 2008


HISTÓRIA EM QUADRINHOS: uma brincadeira educativa!
Engraçado, mas é realmente a minha primeira produção em quadrinhos!
Você pode não está achando lá essas coisas, principalmente se desenhar melhor, se for mais criativo ... ou sei lá o quê. Mas saiba, meu filho Mateus (11 anos - 6º ano, aprovou, e Elias, personagem principal, simplesmente adorou!
Estou aguardando as produções de Elias, pois fará dois desenhos: um do rio triste, e outro do rio alegre.
Nestes meus 42 anos de vida, às vezes me pego assim, meio abobalhada com as produções das crianças e com as minhas também, por que será? E quando isso acontece, não me perdoo (agora sem acento) por ter feito meu primeiro vestibular para Economia ... contudo, hoje me sinto salva da "mais valia", e atraída cada vez mais pela alfabetização.

10 novembro, 2008

POR QUE (NÃO) ENSINAR GRAMÁTICA NA ESCOLA

Acabei de ler este livro e devo fazer hoje uma prova sobre o assunto abordado. Fico pensando ... como seria extraordinário que escolas e professores colocassem esta proposta em prática!
Depois comentarei como foi a avaliação ... e a reflexão dos colegas e professora.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP: ALB: Mercado das Letras, 1996.

Na primeira parte deste livro o autor traz uma série de teses em lingüística, sólidas, porém pouco divulgadas, com o objetivo de provocar uma reflexão sobre a problemática de como aprender a língua portuguesa. E chama atenção para o fato de que, muitas vezes, a escola e os professores supõem, que por si só, as teses dêem conta do recado. Afirma que a escola tem como objetivo ensinar a língua portuguesa padrão, e desmistifica o preconceito de que seja difícil aprender o padrão.
Para Possenti “as razões pelas quais não se aprende, ou se aprende mas não se usa um dialeto padrão, são de outra ordem, e têm a ver em grande parte com os valores sociais dominantes e um pouco com estratégias escolares discutíveis” (p. 17), de modo que o problema se mostra mais agravante para alunos de classes populares.
Acreditando na afirmação de que a escola deve ensinar o português padrão, traz como questionamentos duas teses: a primeira, de natureza político-cultural, explica ser um ato de violência impor a determinada classe os valores de outro grupo – segundo Possenti “o equívoco aqui, (...) é o de não perceber que os menos favorecidos socialmente só têm a ganhar com o domínio de outra forma de falar e de escrever” (p. 18); a segunda, de natureza cognitiva, traz como engano, a suposição de que, aprender uma língua ou dialeto seja uma tarefa difícil para certas classes ou indivíduos. Tal hipótese é descartada pelo autor, quando afirma que, “Qualquer pessoa, principalmente se for criança, aprende com velocidade muito grande outras formas de falar, sejam elas outros dialetos ou outras línguas, desde que expostas consistentemente a elas”. (p. 19).
Há de se questionar o porquê do fracasso escolar, e em que consiste para a escola o português padrão. Neste livro o autor traz como proposta que o óbvio seja colocado em prática, ou seja – escrever e ler sempre. Também que haja uma idéia clara sobre língua; sobre o ser humano de maneira geral; bem como entender que as crianças, mesmo as mais carentes do ponto de vista material, todas elas são capazes de aprender línguas – a criança é criativa.
Sobre a hipótese de haver línguas fáceis ou difíceis, afirma existir uma estrutura de igual complexidade, ou seja, não existe língua fácil ou difícil, apenas línguas com diferentes representações. Menciona que, “quanto menos valor (isto é, prestígio) têm os falantes na escala social, menos valor tem o dialeto que falam.” (p. 28). Por outro lado, segue afirmando que um dialeto não é mais fácil ou difícil que outro; também que, quem aprende um dialeto não é mais ou menos capaz do que aquele que conhece outro. Observa o preconceito que aflora com as diferenças, quando, por exemplo, se julga a fala do outro por ser diferente – neste sentido o diferente é o defeito. E mais forte ainda é o preconceito sobre a mesma língua, visto que aceitamos que os estrangeiros falem diferente a nossa língua, contudo, não aceitamos que os que falam a mesma língua, falem com um dialeto diferente. Logo, “os alunos que falam dialetos desvalorizados são tão capazes quanto os que falam dialetos valorizados, embora as instituições não pensem assim.” (p. 32).
Numa análise mais zelosa, afirma que não existem línguas uniformes, graças a fatores geográficos, de classe, idade, sexo, etnia, de profissão, entre outros, que formam uma série de variações lingüísticas. Também não existem línguas imutáveis, pois, assim como o português, também o francês, o italiano, e o espanhol, entre outras línguas, são provenientes do latim. Fala que algumas formas de língua não são mais usadas, apesar de permanecerem registradas no dicionário – os arcaísmos. Assim, diante das possibilidades de mudanças, o autor questiona o porquê de não se utilizar formas lingüísticas mais informais (não todas).
Na afirmação de que falamos mais corretamente do que pensamos, Possenti cita que “é relativamente pequena a diferença entre o que um aluno ou outro cidadão qualquer) já sabe de sua língua e o que lhe falta saber para dominar a língua padrão. (...) as semelhanças são muito maiores que as diferenças”. (p. 43). Porquanto, há de se concluir que a língua não se ensina, aprende-se, independente dos exercícios de linguagem – o importante é contextualizar, é dar sentido ao que o outro diz – estas são as práticas significativas, através das quais uma criança de mais ou menos três anos aprende a falar. Assim, reflete o autor, se aprendemos a falar falando e ouvindo, podemos aprender a escrever escrevendo e lendo, também sendo corrigidos, e reescrevendo nossos textos, socializando as produções. A constância dessas práticas certamente transformará o aluno em leitores e, segundo o autor, “ ‘escrevinhadores’ sem traumas e mesmo com prazer, em pouco tempo. Só não conseguiremos se nos atrapalharem, se nos entupirem de exercícios sem sentido”. (p. 49).
Por certo que falar, ler e escrever são trabalhos, e que a escola é um local de trabalho – assim mostra Possenti que, no processo de aprendizagem é preciso trabalhar, ou seja, pesquisar, ler, escrever, ouvir os outros, ler e reler, reescrever, socializar, ouvir opiniões, escrever de novo; e que a escola deveria agir desta maneira. Neste contexto lança a pergunta: “Sabemos o que os alunos ainda não sabem?” (p. 49) – como o próprio autor diz, este livro é para refletir o óbvio, as teses já consolidadas, os mesmos problemas, então, é preciso dizer que o aprendido pelo aluno não precisa ser ensinado outra vez, e que é preciso seguir em frente e ensinar o que ainda lhes falta.
Na segunda parte do livro o autor traz à baila vários conceitos de gramática – direcionados a “quem tem como utopia alunos que escrevam e leiam, mesmo em situações relativamente precárias”. (p. 60). Também revela diferentes orientações didáticas, refletindo sobre, ensinar a partir do que é observado ou a partir de regras; ou seja, preparar os alunos para a vida ou para passar na prova do vestibular.
Assim, traz como conceitos de gramática: primeiro, conjunto de regras que devem ser seguidas – as gramáticas normativas (as pedagógicas e os livros didáticos), que produzem com efeito a aplicação da variedade padrão; segundo, o conjunto de regras que são seguidas – as gramáticas descritivas – cujo trabalho dos lingüístas tem como preocupação explicar a língua como é falada, mostrar as regras realmente utilizadas pelos falantes; terceiro, o conjunto de regras que o falante da língua domina – as gramáticas internalizadas – as regras que o habilita como falante, pois se faz compreender diante do outro. Possenti deixa claro que seguir uma ou outra regra poderá resultar em avaliações sociais (ser ou não ser culto), o que não quer dizer que seguir tal regra indique maior ou menor capacidade mental, ou comunicativa.
Chama atenção para a gramática normativa, considerada como de prestígio, que traz preocupações como: “correção; estrangeirismos; cacófatos, ou seja, sons desagradáveis; ambigüidades, etc; e da gramática descritiva, na qual nenhum dado é considerado como erro, ou desqualificado, pois não existem línguas uniformes.
Portanto, as reflexões sobre tipos de gramática, identidade lingüística, regras, e “erros escolares”, fazem deste livro uma leitura que nos convida a compreender melhor a proposta do autor de trabalhar na escola as três gramáticas, sendo a primeira a internalizada, ou seja, ler muito, ampliar o vocabulário e possibilidades através dos livros; segundo, a descritiva, aprendendo a comparar, propor possibilidades, trabalhar a produção do aluno; e por fim a normativa, pois se ordenamos as descritivas, este já é o passo para a língua padrão – cujo objetivo e dever da escola é ensinar, tendo como materiais indispensáveis os livros e a própria produção do aluno.

24 outubro, 2008

A HISTÓRIA DAS COISAS

ENCONTRO


Encontro de Educação Ambiental inscreve estudantes e profissionais

O Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Ambiental de Sergipe (Gepease), em parceria com o Projeto Sala Verde, promove dos dias 10 a 13 de dezembro o Encontro Sergipano de Educação Ambiental na UFS.Com objetivo de proporcionar a reflexão coletiva sobre os novos rumos da área no Estado e construir propostas de políticas públicas, o encontro tem como público-alvo graduandos, pós-graduandos, professores de todas as áreas de ensino e interessados no tema. As inscrições estão abertas até 10 de novembro na Sala Verde, situada no prédio da Reitoria, corredor da Proex, das 8h às 11h30 e das 14h às 16h. O valor para estudantes de graduação é R$ 15 e para profissionais R$ 25.Confira o site do evento www.ufs.br/esea

07 outubro, 2008

PASSEIO SOCRÁTICO, por Frei Beto

Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse. O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico. A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens".Portanto, "em si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, têm alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígine cultua uma árvore ou pedra, um tótem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém.Mas quantos de nós não cultuamos o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista, a gata borralheira transforma-se em Cinderela...
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela, mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira. Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói." E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado, estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados. Então explico:
Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".

06 outubro, 2008

CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO, por Lícia Dantas Hora


Ao pensar em educação comete-se quase sempre um engano, pois a atenção volta-se para a escola, espaço destinado ao conhecimento, à aprendizagem. A saber, a educação tem seu início muito antes desta fase escolar, e se estende por toda a vida, porquanto o homem vive uma infinidade de experiências, revelando-se um ser em potencial para conhecer, conviver, agir, sentir, pensar, entre outras peculiaridades, que o transforma numa espécie altamente especial.
Ao nascer, o ser humano é frágil, dependente e exige cuidados da mãe, do pai, daqueles que o cercam; é o seu primeiro contato com o meio, a sua primeira adaptação diante do novo, cuja recepção poderá ser adequada e conveniente para a boa formação física e mental ou não. Sabe-se que a criança deve ter suas necessidades atendidas, cuidadas, e que, independente da condição sócio-econômica, ela deve viver seu pleno desenvolvimento natural, extraordinariamente singular ao homem.
Educado para a vida, será livre, ciente de suas potencialidades, da inteligência que lhe é própria, sabedor de suas responsabilidades, seja durante a fase escolar, no trabalho, ou nas suas ações perante o próximo. Uma educação, portanto, proveitosa e moldada a este ser racional e sociável, que estará pronto para assumir suas escolhas.
Logo, a construção de um cidadão está intimamente ligada à sua educação sócio-moral; à sua preparação para viver com discernimento, absorvendo e fazendo o bem, e sabendo desvencilhar-se da violência que ameaça arrancar a liberdade de ser feliz em toda a sua plenitude. Cabe, portanto, ao próprio ser humano, a garantia de melhorias para a vida em prol do desenvolvimento apropriado à criança – futuro cidadão.

04 outubro, 2008

Evento na Faculdade Amadeus

Ana Maria, Lícia Hora, Prof. Pedro Demo, Profa. Maria Auxiliadora, e Cristiane Batista
I ENCONTRO INTERDISCIPLINAR DA FACULDADE AMADEUS
(retirado do site: www.faculdadeamadeus.com.br)

Todos os anos, 26 bilhões de toneladas de gás carbônico são despejadas na atmosfera do planeta Terra, enquanto os sistemas naturais só conseguem absorver 11 bilhões. O que fazer com as 15 bilhões de toneladas que ficam acumuladas todos os anos é um dos grandes desafios da gestão ambiental. Esse foi um dos temas abordados pelo doutor em Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do programa de Educação Ambiental da Universidade católica de Brasília (UCB), o sergipano Genebaldo Freire Dias, durante o I Encontro Interdisciplinar Gestão e Educação Ambiental da Faculdade Amadeus (Fama), coordenado pelo Prof. Doutorando Vinicius Nejaim.
Durante a palestra, que aconteceu na sexta-feira à noite, Freire proporcionou aos cerca de 600 participantes do evento momentos de reflexão sobre a atual situação ambiental no planeta Terra. “Isso não se resolve só fazendo coleta seletiva. É muito pouco. É preciso um esforço conjunto”, disse. Segundo ele, o cenário chegou a tal ponto que, como não dá mais para reverter, só restam duas opções: a adaptação e a mitigação.
Com mais de 30 anos dedicados à pesquisa sobre gestão ambiental, Genebaldo Freire disse que é preciso se refletir a respeito da crise de percepção que a humanidade vive. “E isso é o que, em muitos casos, está impedindo as respostas adaptativas que nós precisamos desenvolver rapidamente”, disse. Ele entende que, diante disso tudo, é fundamental que as pessoas entendam que vivem confinadas num planeta que tem limites e praticamente todos eles já foram superados.
Sergipano natural do município de Pedrinhas, Genebaldo Freire Dias há 30 anos deixou o Estado. Doutor em Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB), atualmente ocupa os cargos de professor e pesquisador do programa de mestrado e doutorado em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília (UCB), onde coordena o Projeto de Educação Ambiental. Possui 17 livros publicados sobre o tema, entre ele “Populações marginais em ecossistemas urbanos”, “Educação Ambiental – princípios e práticas” e “Atividades interdisciplinares de educação ambiental”.
AprendizagemDurante o I Encontro Interdisciplinar da Fama, realizado pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Formação de Professores (Nupe), órgão suplementar da Faculdade, que tem como coordenadora a Profª. Dra. Maria Auxiliadora Santos. Os participantes tiveram a oportunidade de ouvir a palestra ministrada pelo professor titular da UnB Pedro Demo, na noite de quinta-feira. Com o tema “Desafios da Aprendizagem”, o palestrante abordou durante sua explanação para a platéia que lotou o ginásio do Colégio Amadeus o atual sistema de educação no país e os desafios para que os alunos possam efetivamente aprender.
Para Pedro, o grande desafio da aprendizagem é que no país ainda se aprende muito mal, apesar das mudanças feitas na educação.“O mundo exige cada vez mais pessoas com cabeça bem feita, capazes de pensar, propor idéias. Precisamos estimular os alunos a pesquisar, elaborar, promover a autoria e autonomia”, disse, ressaltando que o objetivo da sua palestra foi sugerir algumas idéias mais produtivas e calcadas em teoria mais modernas para melhorar o processo de aprendizagem.
De acordo com o diretor Acadêmico da Faculdade Amadeus, Joaquim Machado, a primeira edição do encontro interdisciplinar foi uma oportunidade de intercâmbio de conhecimentos. “Hoje é um dia de crescimento na Faculdade Amadeus e tenho certeza que é o marco de uma nova educação nessa instituição”, afirmou.
Durante o evento, aconteceu a entrega do Prêmio Fama Mérito Profissional. Em sua segunda edição, a homenagem foi concedida aos professores Pedro Demo e Genebaldo Freire Dias. O prêmio foi criado no ano de 2007 para destacar e homenagear profissionais comprometidos com um mundo melhor e mais justo. O I Encontro Interdisciplinar da Fama foi encerrado no sábado pela manhã, com a realização de dez mini cursos.

03 outubro, 2008

Obras de MACHADO DE ASSIS

Visitem o site: www.dominiopublico.gov.br
... e vejam a Homenagem aos 100 anos do falecimento de Machado de Assis.

DEMOCRACIA

“Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém”. Jacques Rousseau.

22 setembro, 2008

II COLÓQUIO INTERNACIONAL EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE NA UFS

II Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade na UFS

O Grupo de Estudos e Pesquisas Educação e Contemporaneidade (EDUCON), divulga a relação das comunicações orais que farão parte da programação do II Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade.A Conferência " O Professor na Sociedade Contemporânea: Desafios e Contradições" fará a abertura do Colóquio hoje, às 19h, no Auditório da Reitoria com o Prof. Dr. Bernard Charlot (Universidade de Paris 8/UFS/NPGED/EDUCON).O evento, que tem como objetivo promover o debate em torno da Educação entre a Universidade e a sociedade, se estenderá até o dia 24, quarta-feira.Confira a programação do evento pelo site oficial.Ascomcomunica@ufs.br