27 outubro, 2009

EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE - PAULO FREIRE / por Lícia Dantas Hora

Pensar em estratégias que envolvam as ideias e práticas de Paulo Freire para o cotidiano escolar é não só acreditar em ações que amenizem o sofrimento no decorrer da aprendizagem, como também promover possibilidades de construção e produção do conhecimento. Já é sabido que esse planejamento de base freireana considera o pensamento antropológico do sujeito como um ser incompleto, que precisa do outro, de forma que esse é o passo inicial para educadores e alunos trabalharem em conjunto, uma vez que a transformação não acontece isoladamente, mas sim a partir da vivência de cada indivíduo - elemento determinante da comunidade.
A reflexão aqui apresentada tem como propósito pontuar algumas de nossas ações no momento da realização do estágio supervisionado, procurando detectar a influência de Freire tanto na construção do trabalho quanto na execução das propostas. Para isso, é primordial citar que construímos um projeto que atendesse ao gosto e a carência dos alunos, fato que proporcionou momentos de interação e debate, os quais Paulo Freire denomina de “Círculo de Cultura”.
A temática do projeto Aprendendo com o Hip Hop, escolhida pelos alunos, contribuiu para a problematização de algumas questões do cotidiano deles, como a diferença entre a pichação e a arte, as brigas de rua, a influência da música e da dança, entre outros assuntos que surgiram ao longo da execução das nossas prévias intenções.
Inclusive, no momento das atividades de desenho e pintura, os alunos externaram seus pensamentos, suas dúvidas e sugestões enquanto produziam; e na ocasião da socialização, revelaram a intencionalidade de suas produções, o que possibilitou o esclarecimento da vivência de cada um e do coletivo – e esse é um dos propósitos de Freire.
Algumas discussões tornaram possível a descoberta de situações vividas pelos alunos, ainda desconhecidas por nós, e essa chance da proximidade, ou seja, de entender o comportamento e a vida de cada um, nos leva a repensar não só as práticas e estratégias elaboradas, como também na busca de meios para uma educação cada vez mais consciente e condizente com a realidade do aluno, da escola e da comunidade.
Portanto, refletimos que, ao planejar ações e táticas para alcançar determinados objetivos, devemos levar em consideração a indispensável e prévia comunicação entre os elementos integrantes desse processo. Dessa maneira conseguiremos formar círculos de discussão com possibilidades de ensinar, aprender, construir e produzir, além de transformar alunos e professores em sujeitos ativos, atuantes e conscientes dessa sucessão de mudanças, as quais não se consolidarão jamais caso não consigamos esclarecer e entender os porquês da realidade que nos cerca.

12 julho, 2009

A ANJA

Segundo Heleny Galati * (MASP) "a diferença entre Releitura e cópia é a seguinte: na cópia você reproduz fielmente (ou pelo menos tenta) o quadro do artista. É isso que os falsificadores fazem. Neste caso você está apenas preocupado com o poder de observação e capacidade para copiar que seu aluno tem. Já a Releitura implica em produzir aquilo que se entendeu da obra, sem preocupações com semelhanças. É o sentimento se aliando à observação na produção de um trabalho."

http://teclec.psico.ufrgs.br/mec-nte/Projetos/releitura/inspira.htm

21 junho, 2009

AS RELAÇÕES TÉCNICAS E SOCIAIS DO TRABALHO, EDUCAÇÃO, E A CONSEQUENTE TRANSFORMAÇÃO DO MUNDO

por, Lícia Dantas Hora

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar sistemas de organização do trabalho a partir do final da Primeira Guerra Mundial, investigando e refletindo sobre estes modelos: primeiro, o Taylorismo, fundamentado na separação das funções de formar ideias e planejar, das funções de executar o trabalho; segundo, o Fordismo, depois dos anos de 1970, que separou, de forma inflexível, o ato de conceber, da ação do fazer – é a fragmentação do trabalho; terceiro, o Toyotismo ou Modelo Japonês, cuja organização da produção do trabalho alcançou grandes lucros após a Segunda Grande Guerra. Também versará sobre a Teoria do Capital Humano, já que, nesta conjuntura, a educação passa a ser vista como um modo de obter ganho; e por fim, as transformações ocorridas no mundo do trabalho e as consequências que afetam diretamente o homem e a natureza.

Palavras-chave: Trabalho; Educação; Organização do Trabalho; Gestão.


INTRODUÇÃO

A Revolução Industrial adquiriu novas características por volta do ano de 1860, estimulada pelos avanços da tecnologia; e, na busca por maiores lucros, as indústrias investiram ao extremo na força e especialização do trabalho. Neste contexto, e diante das mudanças ocorridas, foram surgindo os sistemas de organização de trabalho. Portanto, é imprescindível avaliar o desenrolar histórico do funcionamento dessas estruturas e promover estudos acerca desta problemática, visto que as consequentes transformações no mundo do trabalho, e, principalmente, suas tendências destrutivas, têm lesado a força produtiva do homem, bem como a relação deste com a natureza, a partir da sua própria produção.
O autor Antônio Tavares de Jesus, no livro O Pensamento e a Prática Escolar de Gramsci (1998), trata. entre outros temas, sobre as lutas operárias ocorridas no período de 1918 a 1926; dando-nos uma noção clara dos porquês, da expropriação da educação do operário na conjuntura capitalista; e de como a cultura e a organização é essencial para a vida e consciência plena do homem. Percebe-se, por um lado, as consequências da guerra e a intenção do governo em educar os jovens para o trabalho, e por outro, a busca pela consolidação do trabalho como uma base educativa.
É público que, apesar de todas as discussões e contribuições de educadores e intelectuais, os sistemas de organização do trabalho nunca visaram beneficiar e solucionar questões dos trabalhadores de forma desinteressada. Seja no Taylorismo, no Fordismo, Toyotismo, e mesmo nesta amálgama de organizações da contemporaneidade, as decisões sempre são postas como um jogo, cujas regras sempre foram e ainda são ditadas pela classe dominante.
Portanto, foi pensando na problemática tripartite, vida-trabalho-escola, que sentimos a necessidade de compreender criticamente os sistemas de organização do trabalho, enfocando o período dos anos de 1918, com o início do Taylorismo, aos dias atuais, com a flexibilização do trabalho e do trabalhador.


TAYLORISMO, FORDISMO, TOYOTISMO: AS RELAÇÕES ORGANIZACIONAIS DO TRABALHO, SUAS MANIFESTAÇÕES, CONSEQUÊNCIAS, E INFLUÊNCIAS NO CAMPO EDUCACIONAL.

O final da Primeira Grande Guerra (1914-1918) deixou a imagem de devastação, mortes, e grande prejuízo financeiro para os países envolvidos. Durante o conflito, o governo russo declara intenções de fortalecer a escola popular, com vistas à renovação do ensino profissional.
De fato que a ideia tinha o sentido de alcançar um efeito desejado, cujos objetivos escusos foram denunciados por Gramsci (1891-1937 apud JESUS, 1998, p. 60),

[...] que a causa principal daquela mudança repentina era tão somente a guerra que exigia mão-de-obra especializada para fabricar munições. O que o governo queria era usar os alunos do curso médio na indústria da guerra. Com objetivos tão excusos [sit] e prejudiciais à educação, indiferentes ao povo, procurou-se convencer à nação de que ir à oficina, levar a escola à fábrica era uma maneira de se educar o homem de modo mais completo.

A saber, antes da Guerra, em 1911, Taylor publicou sua obra “Os princípios da Administração”, dando início ao sistema de organização do trabalho conhecido como Taylorismo, cujos princípios básicos objetivavam, principalmente, a separação entre a concepção e o planejamento das tarefas executadas; a expropriação do saber do operário; e a alienação do trabalhador – a formação do operário dócil. Para tanto, o engenheiro americano dedicou-se aos estudos para melhor controlar o tempo e os movimentos durante a produção, estabelecendo práticas de divisão e rotinização das operações.
Implicações como a desqualificação do trabalho manual, redução da autonomia do operário, e maior controle social do capital, geraram formas de resistência; e fica clara a visão de uma sociedade que clama por mudanças, diante da força da produção das fábricas. Segundo escreveu Dewey (1936 apud MANACORDA, 2004, p. 319),

[...] Há alguns dias, aconteceu-me ler que mais da metade da população que hoje trabalha nas oficinas e nas fábricas está ocupada em indústrias que quarenta anos atrás nem existiam. Em outras palavras, no mundo da produção dos produtos e dos bens materiais, o progresso do conhecimento e da ciência revolucionaram – revolucionar não é um termo exagerado – a atividade voltada para o emprego da energia humana. Nesta situação, como podemos pensar em viver da herança, embora nobre e bela, cuja formação está baseada em uma outra época que poderíamos chamar de pré-científica e pré-industrial, a menos que transformemos intencionalmente esta tradição e esta herança à luz da realidade atual?

Por certo, era incessante a busca por novas adequações do homem ao tipo de trabalho de processo produtivo, de maneira que, do operário, fosse aproveitado todo o seu tempo e “dedicação”. De acordo com Cattani (1997, p. 248),

[...] O administrador expropria o máximo do saber operário, reordenando-o a fim de atender às necessidades de acumulação do capital. As iniciativas e o trabalho cerebral são banidos das oficinas e centrados na administração superior. Segundo Taylor, ‘os trabalhadores não são pagos para pensar, mas para executar’ [...].

Consequentemente, o trabalho repetitivo, fragmentado, alienante e sem significação, tornou enfadonha a vida do trabalhador, à proporção que dele foi retirada a autonomia e a sua capacidade de criar; de maneira que foi inevitável a transformação do homem trabalhador em operário-massa. E, a fim de obter uma mão-de-obra sólida, e que atendesse às exigências do processo produtivo e acúmulo de capital, certamente, a radicalização deste sistema de organização seria necessária. Segundo Marx (1890, traduzido por SANT’ANNA, 1985, p. 748-749),

[...] dentro do sistema capitalista, todos os métodos para elevar a produtividade do trabalho coletivo são aplicados às custas do trabalhador individual; todos os meios para desenvolver a produção redundam em meios de dominar e explorar o produtor, mutilam o trabalhador, reduzindo-o a um fragmento de ser humano, degradam-no à categoria de peça de máquina, destroem o conteúdo de seu trabalho transformado em tormento; tornam-lhe estranhas as potências intelectuais do processo de trabalho na medida em que a este se incorpora a ciência como fôrça independente, desfiguram as condições em que trabalha, submetem-no constantemente a um despotismo mesquinho e odioso, transformam tôdas as horas de sua vida em horas de trabalho e lançam sua mulher e seus filhos sob o rolo compressor do capital. Mas, todos os métodos para produzir mais valia são ao mesmo tempo métodos de acumular, e todo aumento da acumulação torna-se, reciprocamente, meio de desenvolver aquêles métodos. Infere-se daí que, na medida em que se acumula o capital, tem de piorar a situação do trabalhador, suba ou desça sua remuneração.

Com certeza, novas tecnologias influenciaram as mudanças, inclusive com a adição da esteira rolante para acelerar o processo de produção. Assim, no novo contexto fordista, o empresário age em busca do aumento da produção, da redução dos preços, elevação do consumo, bem como o consequente aumento das taxas de lucro; por outro lado, o trabalhador passa a atrelar suas qualificações à máquina – um trabalho fragmentado e submisso ao inflexível tempo da maquinaria.
No fordismo, o trabalho de concepção passa a ser privilegiado, bem pago e realizado fora da linha de montagem. Nota-se a existência de certa mobilidade, já em resposta às leis existentes, sobre o trabalho moderno dos metalúrgicos.

[...] uma relação especial de trabalho, (no qual) o empresário é obrigado a ministrar ou a fazer ministrar, na empresa, ao aprendiz ... o ensinamento necessário a fim de que possa adquirir a capacidade técnica para se tornar um operário qualificado, utilizando sua obra na mesma empresa (Lei nº 25, 19-1-1956, art. 2). (MANACORDA, 2004, p. 342).

Ao contrário da intencionalidade da Lei, seria inocência, ou mesmo tolice, pensar, que algo traria benefícios, apenas, para o trabalhador, visto que este aprendizado visava qualificar o trabalhador para a própria empresa. Vale ressaltar, segundo Manacorda (2004, p. 344) que,

[...] O valor de princípio dessa inovação é enorme, também porque se insere num contrato que, pela primeira vez na história da fábrica, considera unitariamente colarinhos-brancos e macacões-azuis, isto é, a pequena e média burguesia dos técnicos e dos funcionários e o proletariado dos operários. Esta consciência redescoberta da unidade de todos os proletários – operários, técnicos e empregados – é um grande passo à frente na história da consciência das classes, desde quando o termo ‘industrial’ juntara confusamente capitalistas e operários. Nesse quadro de unidade, todos são igualmente sujeitos ativos da própria educação. [...] mas se reconhece o direito ilimitado de elevar-se [...] ‘ a fim de melhorar a própria cultura’.

Posteriormente, nos anos de 1970, em razão do sucesso do Modelo Japonês, os modelos taylorista/fordista mudam as formas de produção. Então, para atender às novas demandas do mercado e vencer a concorrência, investe na microeletrônica, na flexibilização do equipamento, além de fazer uso de novas formas de políticas de gestão. Nesse sentido, as novas formas de produção demandariam um novo tipo de trabalhador: mais flexível e igualmente envolvido com a produção. (CATTANI, 1997, p. 92).
Surge uma nova situação-problema, porquanto, é óbvio, que independente do sistema, o alvo é o lucro; e sendo assim, o trabalhador sempre estará em segundo plano, agora numa casta de terceirização, onde o fiel empregado jamais será abandonado. Isto é, esta nova organização do trabalho oriental, conhecida como Toyotismo, tem seu sucesso garantido através de um novo paradigma de produção, fomentando a cooperação entre capital, gerências e empregados; respeito às sugestões do trabalhador; benefícios simbólicos; supressão dos desperdícios; os CCQs – Círculos de Controle de Qualidade; fluidez na comunicação, garantindo a organicidade e o conseqüente aproveitamento do tempo. Contudo, mesmo capacitados, desenvolvendo trabalhos em equipe, conquistando autonomia, entre outros benefícios, há alguns pontos de resultados contrários ao que se espera para o bem-estar da classe trabalhadora. De acordo Cattani (1997, p. 93),

[...] Nessa perspectiva, ressaltam-se aspectos negativos associados à produção flexível no que respeita a situação do trabalhador, ou seja, os altos índices de desemprego, o crescimento do trabalho em tempo parcial e do trabalho temporário ou subcontratado, a ausência ou ganhos modestos de salários reais e o enfraquecimento do poder de barganha dos sindicatos. Junto a isso são apontados: o rápido crescimento da economia informal mesmo em países industrialmente avançados; o retorno do trabalho doméstico familiar artesanal, que implicaria o ressurgimento de práticas mais atrasadas de exploração: o solapamento da organização dos trabalhadores.

Vale lembrar, no modelo japonês, o enfoque dado à produção, optando por transferir a terceiros as etapas secundárias daquilo que é produzido. Desta forma, a terceirização, a relação estável com clientes e fornecedores, e o uso das tecnologias de forma ampliada, levaram outros países a querer reproduzir este sistema. Todavia, um dos riscos citados em Cattani (1997, p. 159) é o de se tomar o exemplo japonês como “pacote” desejável e passível de “transferência” ou, inversamente, distante e sem validade prática para outras configurações produtivas e societárias.
De fato, este contexto que exprime a ordem de competitividade e qualidade total, passa a exigir investimentos na educação, e tem como propósito obter um trabalhador qualificado e empenhado, tanto com a manutenção dos interesses da empresa quanto com as transformações necessárias ao processo ininterrupto nos setores de produção.
Embora a Teoria do Capital Humano pregue a sentença do indivíduo emancipado, civilizado, qualificado, com acesso à cultura, e que pontue a educação como um investimento produtivo; esse mesmo cidadão ainda não se deu conta de que é o responsável direto pelo abandono da escola, a qual deveria atender toda a sociedade de maneira igualitária, e, ao contrário do que apenas deseja ou sonha, ele permite que o processo educativo passe a ser uma mercadoria, e como tal, deve comprá-la, por um maior ou menor valor; e sempre sustentando os interesses da classe dominante, de modo que, esse tipo de “raciocínio” destrutivo – da própria educação – serve como base para as principais mudanças no mundo do trabalho.
Inclusive, contrapondo-se ao aumento da interferência do Estado, a construção do neoliberalismo nos anos 1980-1990 deu nova vida à Teoria do Capital Humano, investindo, mesmo de forma remota na autoformação do trabalhador, que quer garantir seu bem-estar social e espaço de trabalho – e isso alimenta cada vez mais a concorrência, dos trabalhadores e das empresas. Para Antunes (2001, p. 18), quanto mais aumentam a competitividade e a concorrência intercapitais, interempresas e interpotências políticas do capital, mais nefastas são suas consequências.
Pode-se citar aqui a incivilidade a que foi submetido o homem e a sua força de trabalho, bem como a transformação deste mesmo indivíduo em consumidor – aquele que tornará concreta a era do descartável. E pior, pois esta mercadoria que produzimos, consumimos e descartamos, é lançada por nós – homens civilizados – no meio ambiente, contribuindo com a destruição da natureza, da nossa própria vitalidade, e, ao mesmo tempo, colaborando para a sucessão de reprodução do capital. Também, como as mercadorias, as pessoas também se tornaram produtos descartáveis. Conforme Antunes (2001, p. 19), essa é a lógica ‘inexorável’ da modernidade.
Com efeito, o modelo neoliberal tem por objetivo uma nova adaptação no perfil do trabalhador, pois a hegemonia do capital financeiro rege as diretrizes nas novas formas de trabalho, às quais exigem, a cada dia, novas qualificações. Por sua vez, o caminho a ser percorrido é desanimador, a começar pela quantidade crescente de pessoas desempregadas, aumentando a competitividade; empregos sem estabilidade; subcontratações; entre outros fatores que animam a informalidade no mercado de trabalho.

[...] Nesse sentido – e sem nenhum mérito -, o Brasil tem muito a ensinar aos países desenvolvidos em termos das chamadas novas habilidades/qualificações. Isto porque o núcleo da flexibilização do trabalho é exatamente a perda de uma condição estável com direitos e garantias sociais, é a perda de vínculos, onde o indivíduo é tudo e o coletivo perde sentido. Daí a valorização dos traços de personalidade e de caráter de cada um, onde a qualificação maior está na capacidade de enfrentar desafios e incertezas e não mais no conhecimento do ofício e na socialização do trabalho. (DRUCK, 2001, p. 88).


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pudera a questão da empregabilidade depender apenas da qualificação dos trabalhadores, mas o desemprego no Brasil é uma realidade, e há uma fila enorme de pessoas qualificadas esperando por uma chance. Quando empregado, é preciso ser criativo, flexível, adaptar-se às demandas do mercado, pois, a ideia de competência é o que vai comprovar a qualificação. Logo, somente através do tempo de trabalho é que o trabalhador poderá demonstrar sua criatividade, responsabilidade, agilidade, etc. Faz-se necessário, então, analisar todo este contexto histórico dos sistemas de organização, para compreender o crescente processo de degradação do trabalho, e o porquê da busca incessante pelo aprimoramento profissional, atualização constante do conhecimento e das tecnologias.
Esse discurso tem se ampliado no ambiente das escolas, das empresas, entre profissionais, e, principalmente por aqueles que desejam ser inseridos no mercado de trabalho. Percebe-se, então, no desenrolar deste artigo, tanto a necessidade de produção e competitividade das empresas quanto dos indivíduos, e, pensando assim, é necessário cuidado ao pensar o que somos – homem ou máquina?
Logo, chega-se à conclusão de que é urgente a discussão sobre todos esses pontos de organização, gestão e ética do homem no trabalho, e, principalmente na vida. É necessária a (re)educação e a (re)socialização, para que não nos tornemos um mero produto descartável, jogado no ambiente que criamos e aos olhos daqueles que educamos, de maneira equivocada, para aceitar plenamente a imposição capitalista.


REFERÊNCIAS

ANTUNES, R. As metamorfoses do mundo do trabalho. In: O trabalho no século XXI. São Paulo: Anita Garibaldi, 2001.

CATTANI, A. D. Taylorismo. In: Trabalho e Tecnologia: Dicionário Crítico. Porto Alegre: Vozes, 1997.

_________. Capital Humano. In: Trabalho e Tecnologia: Dicionário Crítico. Porto Alegre: Vozes, 1997.

DRUCK, G. Qualificação, empregabilidade e competência: mitos versus realidade. In: O Trabalho no século XXI. São Paulo: Anita Garibaldi, 2001.

JESUS, A. T. DE. O Pensamento e a Prática Escolar de Gramsci. Campinas-SP: Autores Associados, 1998.

LARANGEIRA, S. M. G. Fordismo e Pós-fordismo. In: Trabalho e Tecnologia: Dicionário Crítico. Porto Alegre: Vozes, 1997.

MANACORDA, M. A. História da Educação. 11 ed. Tradução de Gaetano Lo Monaco. São Paulo: Cortez, 2004.

MARX, K. O Capital: crítica da economia política. 10 ed. Tradução de Reginaldo Sant’Anna. Livro 1, v. 2. São Paulo, 1985.

XAVIER SOBRINHO, G. G. de F. Modelo Japonês. In: Trabalho e Tecnologia: Dicionário Crítico. Petrópolis: Vozes, 1997.


[1] Este artigo foi produzido na disciplina Trabalho e Educação, ano 2009/1, sob a orientação da Profa. Dra. Ana Maria Freitas Teixeira, no Curso de Pedagogia Noturno da Universidade Federal de Sergipe.
[2] Aluna do 9º período do Curso de Pedagogia. Contato: liciadantas@superig.com.br

15 maio, 2009

APRENDENDO COM O HIP HOP

http://aprendendocomohiphop.blogspot.com
(Este é o Blog do Projeto Aprendendo com o Hip Hop - acesse para acompanhar os acontecimentos, de 18/05/09 a 05/06/09).

Elisangela Alves dos Santos
Lícia Dantas Hora
Sara Alves Santos


1. JUSTIFICATIVA

A escolha da temática Aprendendo com o Hip Hop surgiu após entrevista realizada com alunos matriculados na 3ª Série do Ensino Fundamental de uma Escola Pública Estadual. O objetivo foi realizar um diagnóstico que levasse em consideração a vivência e interesse de cada um, e o resultado revelou ser a música, em especial o Hip Hop, o grande interesse da maioria.
O ritmo impressiona por ser forte e ativo, e faz com que jovens mexam o corpo, rodopiando e saltando. Registra-se que no início do século XX, a dança (street dance) foi a primeira expressão do Hip Hop que surgiu nos Estados Unidos devido à grande depressão causada pela quebra da Bolsa de Valores, quando músicos e dançarinos, desempregados, passaram a fazer shows nas ruas. Era uma maneira de declarar publicamente a miséria a que foram submetidos e bradar contra o privilégio de pequenos grupos. Outros clamores contra a diferença social, racismo, drogas e violência, também foram realizados em público na Jamaica. Assim surgiu o rap, uma mistura de ritmo e poesia, o ato de exprimir uma miscelânea de sentimentos e angústias, por qual passava a população dos guetos, carente de infraestrutura e de políticas públicas.
A saber, o Hip Hop envolve fundamentalmente quatro elementos que o projeto abordará: primeiro, o grafite, que leva à cena a arte plástica deste movimento cultural através do desenho colorido e marcante; segundo, o rap, que é a poesia escrita e cantada pelo MC – Mestre de Cerimônia; terceiro, o DJ (disc-jóquei), responsável pela parte musical, pelo ritmo que alegra o movimento; e o quarto, a dança de rua (street dance). E é dentro deste ritmo que surgem várias maneiras de revelar os sentimentos, a exemplo do trabalho com os pés (foot work), postura estática (freeze), a parada (break), e a imitação de ondas com os braços (waves).
Fazendo uso da concepção de corporeidade, onde “[...] o homem é visto como ser no mundo e só pode ser compreendido a partir da sua facticidade” (MARQUES, 1997, p. 92), o projeto envolverá o conteúdo programático aos hábitos de vida dos alunos, ao prazer e à inclinação pela música. Porquanto, segundo Freire,

Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição – um conjunto de informes a ser depositado nos educandos –, mas a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. (FREIRE, 2005, P. 96).

Por certo que a temática impulsionará o desenvolvimento da subjetividade do aluno, favorecendo a sua formação como indivíduo da comunidade e do mundo; abrirá espaço para que ele reflita sobre a diversidade cultural e corporalidade; além de dar liberdade para a construção de hipóteses sobre o lugar onde vive, comparando-as com as formas de protesto do Hip Hop. Também tomará como base os objetivos presentes nos PCNs, como “[...] utilizar as diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal – como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais [...]” (Brasil, 1997).
É importante ressaltar que a criança é vista como um ser que tem estrutura e mentalidade distintas da do adulto, porém capaz de tornar favorável e viver sua própria realidade. Então, torna-se necessário que a sua produção seja compreendida como algo inerente à sua natureza, de maneira que não seja sufocada pelos anseios do adulto. Conforme Darido & Rangel, “[...] é importante dar espaço para a própria liberdade de criação e improvisação do aluno, pois isso lhe possibilitará maior autoconfiança, auto-estima, autonomia e criticidade” (2005, p.217).
Inclusive, a preocupação com a construção da personalidade da criança negra levou o Bloco Afro Ilê Aiyê, em Salvador, a criar o Programa Tambores da Liberdade, que tem como objetivo difundir a cultura Afro no Estado da Bahia. A comunidade que compõe o bloco afirma que:

Os conteúdos da história na participação do afro-descendente na construção da cultura brasileira, não podem mais continuar transversal-superficial. Pelo nosso estudo e resgate, já constatamos que eles são vitais (básicos) para a construção da personalidade e identidade estético-cultural dos nossos filhos que não são a imagem do belo e do inteligente para os padrões oficiais racistas.[1]


Diante desta proposta de valorização cultural e formação do cidadão, percebe-se, mais uma vez, que o conteúdo programático como interesse do professor e do aluno, deve ser um elemento da realidade, um objeto mediador. Portanto, reafirma-se aqui a importância de trabalhar uma temática que valoriza o interesse do aluno, e que precisa ser acolhida pelo professor e pela escola. Para tanto, foram elaborados objetivos que nortearão o trabalho do professor e do aluno, a fim de alcançar o sucesso deste projeto.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral
Possibilitar a construção do conhecimento e favorecer habilidades físicas através do contato com o movimento cultural do Hip Hop.

2.2. Objetivos Específicos

· Português
· Ler, ouvir e cantar rap;
· Produzir rap usando corretamente os sinais de pontuação;
· Criar sinônimos, antônimos e homônimos para palavras encontradas nos raps;
· Identificar substantivos nos textos;
· Localizar nos textos palavras com “g” ou “j”; “s” com som de “z”.
· Arte
· Produzir desenhos com base nos raps trabalhados, já prontos;
· Produzir desenhos a partir dos raps criados em sala de aula.
· Matemática
· Identificar linhas abertas e linhas fechadas em figuras/desenhos do street dance;
· Estabelecer relação entre figuras geométricas;
· Solucionar situações envolvendo problemas com as quatro operações.
· História
· Relatar a aparência das ruas da comunidade;
· Narrar fatores que provocam a violência nas ruas;
· Elaborar rap e grafite para o “Dia das Mães”.
· Geografia
· Localizar no mapa os pontos da origem do Hip Hop;
· Identificar no mapa a cidade, estado, região e país em que mora;
· Enumerar tipos de danças da região nordeste.
· Ciências
· Enumerar os benefícios dos movimentos corporais;
· Listar frutas e vegetais que são importantes para a alimentação;
· Descobrir como bactérias e fungos podem fazer bem ou mal à saúde;
· Listar hábitos de boa higiene corporal.

3. PROCEDIMENTOS DE ENSINO

· Utilização da música – rap;
· Exibição de vídeos sobre o Hip Hop;
· Canto e dança;
· Participação de um dançarino para aulas de street dance;
· Utilização de letras de rap;
· Construção de mural para grafite;
· Exposição didática sobre sinônimos, antônimos e homônimos;
· Exposição didática sobre substantivos;
· Exposição didática de palavras com “g”, “j”, e “s” com som de “z”;
· Exposição de desenhos/figuras com grafite e movimentos do street dance;
· Utilização de mapas;
· Debate e Experiência.

4. RECURSOS

· Aparelho de som e DVD;
· Papel A4 e papel 40kg;
· Mapa Mundi e Mapa do Brasil;
· 1 pacote de gelatina incolor;
· 1 xícara de caldo de carne;
· 1 copo de água;
· Cotonetes;
· Filme plástico;
· Etiquetas adesivas;
· Caneta, lápis, borracha, lápis de cor e giz de cera.

5. FORMAS DE AVALIAÇÃO

A avaliação não terá caráter mensurável. Será realizada gradativamente, em todo processo do projeto, como forma do acompanhamento da aprendizagem e desenvolvimento do aluno. Para tanto, serão realizadas diferentes atividades através das quais os alunos serão orientados e reorientados, quando necessário, valorizando a construção e (re)construção do conhecimento.

6. BIBLIOGRAFIA

BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. \Brasília: MEC/SEF, 1997.

COMPROMISSO HIP HOP: Hip Hop não é aquilo que fazes, é aquilo que vives. Disponível em: . Acesso em 09 mai. 2009.

CUNHA JR. Henrique. Ver vendo, versando sem verso, escrevendo e se inscrevendo no Hip Hop. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2009.

FERRÉZ. Rap para crianças e jovens. Disponível em: . Acesso em 22 abr. 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

GENTILE, Paola. Como ensinar microbiologia, com ou sem laboratório. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2009.

GIACOMOZZI, Gilio; VALÉRIO, Gildete; SBRUZZI, Geonice. Descobrindo a gramática. São Paulo: FTD, 2000.

ILÊ AIYÊ: Projeto Pedagógico do Ilê Aiyê. Disponível em: . Acesso em: 21 abr. 2009.

ILÊ AIYÊ: Programa Tambores da Liberdade. Disponível em: http://www.ileaiye.org.br/TAMBORES.htm>. Acesso em: 21 abr. 2009.

NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de Projetos: Uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. 6 ed. São Paulo: Érica, 2001.

VARGAS, Soyane. Diferentes linguagens na educação física: Projeto Hip Hop na Escola. Relato de experiência. Disponível em: . Acesso em 19 abr. 2009.

VITA, Marcos. Hip Hop no sertão? A produção de artistas regionais é um excelente caminho para apresentar a arte universal. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2009.
[1] Retirado do Site HTTP://www.ileaiye.org.br/TAMBORES.htm

13 abril, 2009

HIP HOP na Escola
Muito legal esse clip !!!
tenho planos ... precisamos conversar Ferréz!

10 abril, 2009

NOVA VERSÃO PARA CHAPEUZINHO VERMELHO

CHAPEUZINHO VERMELHO, de Jacob e Wilhelm Grimm.

"Charles Perrault publicou a primeira adaptação literária de Chapeuzinho Vermelho em 1697, mas poucos pais se dispunham a ler aquela versão do conto para os filhos, pois termina com o "lobo mau" jogando-se sobre Chapeuzinho Vermelho e devorando-a. Na versão dos Grimm, a menina e sua avó são salvas por um caçador, que manda o lobo desta para melhor após efetuar uma cesariana com uma tesoura." (TATAR, 2004)*
Considerando as muitas versões de Chapeuzinho Vermelho, e também observando a amplitude da sua capa, ainda sem muita função, revolvi criar esta versão, que tem a alegria das crianças, o doce gosto de um bolo, a tensão da presença do lobo mau, e a grande surpresa do final.Espero que gostem e criem outras versões!!!
~*lícia*~

CHAPEUZINHO VERMELHO - A MENINA CAPA MÁGICA
por, Lícia Dantas Hora (2008)
Pintura de Letícia Dantas Hora (2008)
Editado por, Mateus Dantas Hora (2009)

*Contos de fadas: edição comentada e ilustrada/edição, introdução e notas Maria Tatar; tradução Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2004.

29 janeiro, 2009

BREJO GRANDE - SERGIPE - BRASIL
Com a pesquisa sobre o município de Brejo Grande - Sergipe, surgiu a idéia de produzir uma história em quadrinhos que pudesse ser utilizada nas primeiras séries dos anos iniciais, com o propósito de despertar a curiosidade pelo local e abrir oportunidade para:
  • Estimular a criança a descobrir a importância das águas dos rios para a vida;
  • Aprender noções de orientação: norte, sul, leste e oeste;
  • Falar sobre costumes indígenas; folclore; tradição cultural;
  • Relacionar a este projeto as disciplinas da Língua Portuguesa, Ciências, Estudos Sociais e Arte;
  • Possibilitar a produção de história em quadrinhos sobre a terra natal do aluno;
  • ... e outras possibilidades ...

Assista aqui o vídeo com a histórinha e veja lindas fotos de Brejo Grande (as fotos foram retiradas de diversos sites e revistas). Logo abaixo do vídeo a poesia de Manoel Machado de Lemos, Enchente Grande, que traduz as grandes tragédias provocadas pelo rio São Francisco em Brejo Grande.

ENCHENTE GRANDE

De longe vem, de muito longe, o rio
O São Francisco para o mar distante
E rola e redemoinha
E cresce e cresce e alonga-se nas margens,
E tudo invade e envolve e tudo afoga e mata.
É o cemitério líquido de tudo.
Campos, habitações, ilhas viventes,
O rio doido;
Correndo arrasta e leva na corrida.
Árvores tremem desaparecendo,
No último gesto de quem diz adeus.
O manto, agora, de águas pardacentas,
Para esconder os crimes que pratica,
Estende sobre tudo.
E corre e foge assim como quem foge
Para escapar à punição dos crimes.
Investe, ainda, contra o mar incauto
Em cujo dorso, no último atentado,
Entra como punhal.
Depois ...
Andam fantasmas sobre as margens mortas.
E o grande rio, colossal, enorme,
Findo o trabalho de extermínio, volta
Retorna ao leito e impunemente dorme.


Retirado de: A POESIA DE MACHADO DE LEMOS - CADERNO XXIX - Divulgação do Departamento Estadual de Cultura, 1966.

27 janeiro, 2009

Assista a história Os Sonhos de Armando, de Mônica Guttmann, contada por Lícia e Sara

PARTE 1


PARTE 2

24 janeiro, 2009

No dia 12/01/09, Sara e eu apresentamos em uma biblioteca municipal na cidade de Aracaju-SE a história Os Sonhos de Armando, de Mônica Guttmann - psicóloga e especialista em arte-educação. Nesta história, o personagem Armando tem lindos sonhos e deseja encontrar um lugar fértil e cheio de energia para poder plantá-los e fazer com que cresçam e se realizem.
Além das crianças e colegas do curso de Pedagogia tivemos a presença de Marcos (contador de histórias, e da Profa. Verônica, que muito contribui para nossa formação.